A perfeição é um mito e a realidade é caótica. Uma abordagem perfeccionista ao design é, portanto, difícil, para não dizer impossível ou inatingível. No entanto, os erros digitais e humanos inerentes ao processo de design podem abrir perspetivas inesperadas. Partindo deste pressuposto, Transições Quebradas é uma trilogia de artefactos editoriais que explora o potencial criativo do erro. Tendo por base o conceito de transdução entre meios (entre o suporte digital e o físico), o projeto evidencia como os erros, muitas vezes considerados como anomalias a corrigir, podem tornar-se elementos poéticos ou motores de significação e expressão.

Este projeto editorial desenvolve-se em três objetos impressos, que abordam categorias distintas de erro: erros não intencionais, resultantes de limitações técnicas, humanas ou materiais; erros reclamados ou recuperados, descobertos por acaso e deliberadamente preservados; erros provocados, resultantes da sabotagem deliberada ou da má utilização da tecnologia.

Cada volume tem a sua identidade gráfica, moldada pela sua relação particular com uma tipologia de erro, combinando inclinações, desalinhamentos, falhas, sobreposições de páginas e experiências de manipulação tipográfica. Em última instância, o projeto questiona a procura da perfeição nos processos de design, convidando-nos a ver os erros e as anomalias como oportunidades criativas.